sábado, 27 de março de 2010

Lá fomos então e finalmente para aquele que é normalmente o primeiro destino turístico logo a seguir a Maputo. Tanto Chidenguele como Závora passam despercebidos ao lado de Inhambane e as suas praias. Inhambane é uma cidade que gostei logo. Não sei, faz-me lembrar S. Martinho com as casinhas pequenas junto à ria. Aqui são modernistas, pequenas, de férias, giras porque são livres nas cores, nas linhas e nas formas. Mas queríamos era praia e encontrar um sítio para ficar. Fizemos um pic-nic junto à água, descansamos um bocadinho (não tínhamos dormido nada na noite passada porque a maluca da Alex passou a noite aos gritos) e lá fomos nós para a praia mais badalada de Moçambique: o Tofo.

Mas não há grande coisa que contar além de uns surfistas malucos que lá conhecemos, um passeio na praia cheio de conchinhas e búzios lindos (Inês, isto com prata vai ficar uma maravilha, só penso em ti com estas conchinhas), e muita confusão, preços altíssimos e bora fugir daqui.

Next stop, o sítio MAIS bonito onde estivemos até agora. Está no mapa uma zona verde na costa: Reserva Natural do Pomene. É uma planície de aluvião, que termina num mangal e que tem uma praia de perder a cabeça (ía mesmo perdendo, fui picada no pescoço por uma alforreca e senti o veneno paralisante que dói para burro. Mas uma massagem do Zé com um creme de picadas para mosquitos e em questão de meia hora tava limpo.) Ah. Mas o sítio. Primeiro foi o filme. Para sair do Tofo foi um chapa para Inhambane, um barco para Maxixe, um chapa para Massinga e outro para o meio do nada, a caminho de Pomene, onde o chapa não ía porque não havia população que justificasse. Podiam levar-nos lá, mas era o esperado balúrdio. Nem tínhamos ainda decidido a nossa vida passaram uns jipes nessa direcção. O meu entusiasmo foi tal que pararam para perguntar se estava tudo bem. “está, está, mas não temos como sair daqui, acaba aqui o transporte público. Vai para Pomene?” E lá fomos, e não dava de outra forma porque eram 60kms de areia, só passavam 4x4. Chegámos à noite, mesmo à justa. Pomene Logde, paradisíaco, mas com acampamento razoável. Emprestaram-nos cozinha e trataram-nos do melhor. Logo que o dono – o grande Neville! (grande enciclopédia de natureza) – soube que o Zé era biólogo convidou-nos para um passeio de barco no mangal no dia seguinte. Já estava pago por uns gajos que estavam a filmar um documentário desse ecossitema e haviam dois lugares a mais. Yeah. Sorte a sorrir. Parece que o Neville se identificava connosco, com a nossa forma de viajar, então adotou-nos. Ainda nos emprestou os óculos de snorkeling que normalmente se alugam e ainda vimos uns peixes malucos e uns pepinos do mar num recife artificial feito de jipes, pneus e moto4s e todo o tipo de sucata onde os peixes adoram refugiar-se.

E aqui começa a parte que leva ao sítio de onde vos escrevo. Ehehe. À pala. Eheh.
Tinha conhecido e falado, por acaso, logo no dia em que chegámos, com uma senhora portuguesa que estava lá em Pomene também. Queixava-se que o filho estava doente e que iam voltar para Maputo, ela, o miúdo e o marido. No dia a seguir de manhã o Zé manda um “good morning” a este senhor que responde “bom dia”. Era pai do menino doente (que, diga-se de passagem, estava constipado. Tinha aí um ano e tinha chegado à poucos dias a Moçambique. Deve ter estranhado a viagem e o clima) que veio ter connosco e diz:

“Vocês gostavam de ir ao Bazaruto? É que o meu filho está doente e vamos voltar para Maputo. Eu já tinha pago três dias lá no resort e não me devolvem o dinheiro”.

“TXII! A sério!?!” Claro que sim, aceitámos logo, nem sabíamos o que dizer nem como agradecer. Só nos caía mais o queixo à medida que éramos informados dos pormenores: vão de avião, está pago, é um resort de 5 estrelas e ainda têm pensão completa. Direito a kayaks, a snorkeling, e o resto imagina-se sendo uma coisa de 5 stars. Bem diz a mãe do Zé que é como a lotaria, acontece uma vez na vida!! Só o avião era uns 300€ e no aeroporto apercebemo-nos que seriam mais de 500 dólars por pessoa, por dia.