segunda-feira, 12 de abril de 2010

Zimbabwe

Onde é que íamos...? No Zimbabwe! =) Então, da última vez que falámos estávamos na parte em que acabadinhos de chegar nos fascinávamos por um país tão mal falado, tão temido, que nem podíamos acreditar.

Da crise, a única coisa que é visível (além dos preços ainda algo altos), é a falta de moedas! Como sabem (ou ficam a saber) a moeda oficial neste momento é o dolar americano. O zimbabweano caiu em flecha e perdeu o valor, daí a grande crise. A inflação era tão alta que no mesmo dia o valor dos produtos multiplicava-se dezenas de vezes até se tornar incomportável. Contou-nos uma zimbabweana que o salário dela era um saco enorme, cheio de notas (e com a inflação chegaram a haver notas impressas de triliões de doláres), mas que dava para comprar pouco mais que um pão...

As poucas moedas que existem são Rands sul-africanos (que valem mais ou menos um décimo do dolar americano e então 50 cêntimos de dolar são 5 rands). Mas são escassas. Num supermercado, por exemplo, se a conta não dá certo e não há troco levam-se umas pastilhas, uns rebuçados ou uma barra de chocolate.



Mas a cidade não é o nosso poiso e lá fomos para um parque natural, suficientemente perto e não longe do caminho de Harare onde tínhamos que ir para na embaixada de Moçambique pedirmos mais um visto de três meses. Primeiro foi o filme para arranjar dinheiro. As caixas, pura e simplesmente não funcionavam ou não davam dinheiro. Os bancos estavam fechados cinco dias porque estávamos nas férias da páscoa. E nós sem um tostão nem para ir para a frente nem para voltar para trás. Mas, uff, no fundo isto é derivado das grandes paranóias que ouvimos na televisão, porque, no dia a seguir de manhã, estávamos orientados...



E lá fomos para o Parque Nacional de Nyanga, uma zona montanhosa protegida e onde está a montanha mais alta do país. Foi neste primeiro passeio que nos apercebemos da maravilha do povo, mais uma vez. Devem tar a achar que nós é que somos uns queridos e que toda a gente nos adora =) o que não é mentira de todo =) mas não é só isso e convido-vos a virem verificar. Até ficar no parque, que nos ficava caríssimo porque temos a tarifa mais cara, a de estrangeiros, nos foi facilitada e cortada para menos de metade. Ainda apanhamos uma boleia de uns que tinham alugado uma carrinha para conhecerem o parque todo, e então, à pála, fomos conhecer o parque todo: as cascatas, a montanha, os lagos e as casas do lago, os viveiros de trutas... É uma surpresa ver este país, de estruturas praticamente intactas depois de tão fortes convulsões políticas, económicas e sociais. Comparando com Moçambique, é incomparável (nunca, nunca esquecer que Moçambique teve guerra...). Este país está não só a andar, como bem depressa, quase nos fazendo lembrar um qualquer outro país europeu...



Pois é, a Europa, com o seu bom e o seu mau! Lá tivemos que sacar dos casacões e eu finalmente dei uso às botas. Faz aqui um frio, no interior e nas montanhas... Uff. Descansamos dos mosquitos e do bafo húmido... Mas até que preferíamos...



Mas em termos de animais os que mais vimos foram as trutas. Um veado e as maravilhosas galinhas-da-Índia, borboletas e uma larva peluda para aí de uma traça... Mas foi nice, umas caminhadas, cozinhados no fogo (chegámos a jantar só arroz de caril...). Contentes e cheios de pica lá partimos para Harare, a capital.



A viagem foi demais. Numa caixa aberta, lá vamos nós, com uma vista panorâmica e, de repente, PÁHH. Um estoiro daqueles! Bem, todos nos entreolhamos (eram irmãos moçambicanos os outros passageiros) e nada, lá seguimos, desde que a carripana ande, tem pneus, tem tudo, pronto... Foi só um ráter. O que não tínhamos percebido é que estes ratérs anunciam o fim da viagem devido à falta de combustível. Bem que tentámos! uma bomba de gasolina... Vazia. Outra a seguir, vazia também. Até que ficámos numa subida e mais uma vez, nem para trás nem para a frente. Encostou-se e lá ficámos nós à espera outra vez. Lá fomos, lá vamos sempre. Mas desta a seguir é que eu fiquei preocupada. Juro.

Imagine-se um país onde não há transportes. A falta é enorme. E o último dia das férias da páscoa em que toda a gente vai ver a família. E um cruzamento, numa cidade média a 200kms da capital onde as pessoas esperam pelos transportes e pedem boleia. E agora tentem imaginar a quantidade de pessoas na estrada a tentarem ir para a capital porque trabalhavam no dia a seguir de manhã...! Eram centenas! e nós, mochilados e branquelos, a ver que só amanhã, ou nem amanhã... Eu cá nem sabia. Encostei-me, íamos pedindo boleia mas sem grandes esperanças (estavam atulhados ou não íam para lá); os transportes pediam o dobro do dinheiro normal e era uma selva para entrar. Assim que nós, que parecemos o dobro do tamanho por causa das mochilas, nem nos preocupávamos...



Viva o Zeca Maravilha que lá me desencanta uns estudantes de filosofia, vindos de passar as férias fora e que não estavam a pensar levar ninguém mas que vá, até vos levamos... Txi. Uma sorte. Chegámos ao fim da tarde a Harare, mesmo na hora em que o Idir, do couchsurfing, estava à nossa espera.



É onde estamos agora, em casa do Idir, um bacano mas meio apanhado, que ganha bem e gosta de partilhar, mimados, alimentados e descansados. Fomos todos (o Idir, nós e mais dois amigos) ao parque do Mbizi, onde rimos que nem perdidos, andámos de canoa, e fizémos um mini-safari e vimos zebras e girafas ( e mais uma galinhas-da-Índia). O Idir correu atrás das zebras e das girafas. Uma risada!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sempre a caminho sem saber destino

Como prometido estamos aqui a tentar ser mais regulares nas - será da estrelinha em cima? - boas novas.

Depois daqueles banhos relaxantes lá tivemos que nos re-habituar à vida simples de mochileiros. Mas não queríamos deixar os limites do Parque Nacional do Bazaruto sem tentar arranjar um trabalho (especialmente para o Zé, eu adapto-me, basta-me estar em África). Mas a nossa vida simples não nos permitia estar nas ilhas, assim que viemos para Vilankulo, para o Baobab camping, onde não era caro, o ambiente era bem nice, e tínhamos uns dias para pensar na nossa vida e próximos caminhos. Conhecemos um pessoal bem bacano - o grande Omar, que tinha uma barraquinha de sopas no mercado local, os locals sempre atrás das miúdas loiras lá do Baobab, sempre a rir, o Bendito e a Ariana, e a Dominique e o Steven que foram connosco no dia em que fomos dar o passeio dos presentes de anos.

Sim, obrigada aos contribuintes!! O Zé foi fazer o seu desejado e prometido mergulho (que foram dois, um de manhã e um à tarde, para compensar a grande viagem de barco) e fê-lo num dos considerados melhores de África e do mundo, o Two Mile Reef. Eu colei-me e fui para para o snorkeling. O passeio, já de si, foi lindo! Vimos três grupos de golfinhos, bastante perto, uma tartaruga-de-couro e uma tartaruga-verde, uma manta pequena a saltar, praias desertas, de areia branca... Dentro de água foi impressionante mas já nem dá para explicar, e como não dá para fotografar, fica o conselho de experimentarem estes passeios! À tarde estive rodeada de centenas de peixinhos pequenos, e como não podiam ser tantos milhares, virei-me, contorci-me e percebi melhor. Estavam a rodear-nos, a mim e à Dominique, a dançar à nossa volta, por cima por baixo e em círculos à nossa volta. Mas nunca, nunca nos tocarem nem nos deixaram tocar-lhes.
Aqui para o pessoal da natura fica a lista do Zé!: moreias gigantes, de cerca de dois metros, vários merus de umas dezenas de quilos, mantas, peixe-leão (dragão), nudibranquios marados (lesmas coloridas)... etc! Isto numa floresta de corais, de todas as cores e formas. E cardumes, cardumes de peixinhos coloridos, de todas as cores, a vaguearem por ali.

Na rota a seguir, os nossos planos alteraram-se drasticamente. Perdemos o autocarro para a Beira, propositadamente. Era às 4 da manhã e nós não fizemos mal a ninguém! Assim que de manhã o destino já era outro. Vamos mas é para o Zimbabwe!! Apanhámos uma mítica boleia de camião, genial, uns bacanos, um conforto daqueles, e até entrámos na zona dos embondeiros! Teve que se subornar um par de polícias na passagem do rio em Vila Franca do Sade, a atravessar a ponte sobre o Sade. Ficámos numa cidade-cruzamento, Inchope, e depois de um pequeno-almoço farto - frango com batatas fritas, uma coca-cola e uma fanta - lá arrancamos, meio para o desconhecido, mas na boa, porque já tínhamos sabido que a situação no país estava estável e isso era tudo o que precisávamos. Desde esta cidade-cruzamento (cruzamento entre norte e sul de Moçambique e entre Zimbabwe e Beira) para lá, lá longe, nova fronteira, entrámos numa zona montanhosa, novidade até aqui. Impressinante mesmo. E o melhor foi chegar à cidade maior depois da fronteira, já no Zimbabwe, Mutare. Das cidades mais bonitas em que alguma vez estive. Rodeada por montanhas dos quatro lados. E com a vida da cidade, os bairros, as fábricas, as estradas, enfiadas e escondidas dentro das árvores e montes da paisagem...

Próximo capítulo brevemente, de que as imagens já estão uploadadas, mas que agora não dá porque temos um amigo à nossa espera!!

***************************Saudades*************************

Zimbabwe









Zimbabwe





















Boleia de camião












Vilankulo















Vilankulo









Vilankulo